Comparações com a Natureza

Um dos consensos milenares é o que assinala a perfeição da natureza. A constatação de que tudo que existe no universo surgiu com um propósito perfeitamente justificável é prontamente verificável, constatável e insofismável.

Coisas aparentemente esdrúxulas, só o são até que seja descoberta a razão de sua existência. Mistérios se mantêm apenas durante a manutenção da ignorância. Surgida a justificativa natural, desaparece o mistério e consolida-se a precisão e a garantia do equilíbrio.

O interessante é que as comparações só podem ser feitas à luz do que se sabe até então e o que foi dito e usado em uma época já não serve para o mesmo propósito algum tempo depois.

Gênios do passado, “provaram” que o Sol girava em torno da Terra até que alguns “hereges” disseram o contrário e quase foram queimados vivos por isso.

A comunicação sem fio, o vôo do mais pesado que o ar, as conquistas espaciais, o radar, o GPS etc etc etc estão aí presentes no nosso cotidiano para provar esta obviedade.

Não é à toa, portanto, que as comparações com a natureza sejam tão utilizadas por pensadores, filósofos, profetas, cientistas e publicitários.

Alguns candidatos a profetas mercadológicos usam estes tipos  de comparações para basear teorias e previsões de comportamentos e tendências de mercado mas pegam o exemplo errado na vitrine infinita da natureza e seus seguidores, muitas vezes, quebram a cara.

O advento da internet tem permitido que tenhamos dezenas, centenas, milhares de previsões apoiadas em  pesquisas de consumo mas a própria estatística faz com que um pequeníssimo percentual delas acabe se confirmando e fazendo do seu criador, o guru da vez, o profeta da moda e a voz a ser escutada.

Uma das coisas mais ensinada e mais rapidamente esquecida no estudo de Economia é a clássica afirmação de que “todos os sistemas matemáticos desta disciplina têm mais incógnitas do que equações” e, assim, para se chegar a alguma conclusão é preciso assumir, prever, admitir, chutar e torcer por alguns dados para poder ter condições de calcular os demais.

O exemplo que me ocorre é algo como usar a imagem natural da propagação retilínea da luz para prever o futuro ao invés do vai-vem das ondas do mar, que a cada momento adquire um sentido e uma intensidade de propagação.

Aquele que, por quaisquer razões, se aproximar mais da verdade nas apostas a serem inseridas nas suas equações, acertará mais nas previsões e será o “gênio” a ser venerado.

O mundo corporativo é uma grande loteria. Diariamente se vê o desabamento fragoroso de gigantes e o crescimento vertiginoso de anões.

O ideal é jamais parar de apostar mas fazê-lo de maneira consciente, sem comprometer o todo. Crescer com consistência e manter um fundo sustentável para investimentos em pesquisas e apostas seria a maneira mais tradicional, mais segura, mais sensata e mais mineira de avançar.

Enfim, o segredo volta às suas origens e a conclusão inexorável é seguir o exemplo na Mãe Natureza que trata o crescimento de suas criaturas de forma coerente e adequada.

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