O paradoxo da riqueza

Nesta vida andarilha de tantas passagens, vez por outra encontramos aquelas pessoas que pedem a receita do sucesso financeiro, da riqueza, da realização. É claro que a quantidade de receitas é do tamanho da quantidade de bem sucedidos e que os caminhos são os mais variados e até inimagináveis. Acontece que analisando esta fartura de receitas, consegue-se encontrar alguns itens que aparecem com maior recorrência e que podem ser considerados com maior intensidade.

Vamos retirar a sorte desta vitrine para não descompensar a comparação, mesmo por que o sortudo não precisa de fórmula e nem de conselho ou orientação. Atira às cegas, acerta na mosca e colhe os resultados. Assim é covardia e é preferível continuarmos nossa experiência com nosso time de mortais e sujeitos às intempéries do destino.

Para começar, qualquer um que pense em ficar rico é porque não está confortável na sua posição, ou seja, sem meias palavras: é pobre. Se é assim, comecemos por aí. Nada melhor para partir rumo à riqueza do que agir como pobre. Observar que pobre não é e jamais foi ou será sinônimo de miserável, avarento ou faminto. O pobre aqui deve ser entendido como aquele que não tem sobras financeiras para cultivar o supérfluo. Aquele que adapta seu nível de consumo ao seu ganho. Aquele que não tem a possibilidade de se abandonar naquele consumismo irresponsável avançando para além dos seus próprios limites. Pobre aqui é aquele que, ainda, está em busca de sua liberdade absoluta de movimento dentro da meio social e que sabe que tem potencial para isso. Aliás, a maioria absoluta da população mundial tem este potencial.

O que seria, então, agir como pobre?

  1. Gastar apenas aquilo que tem disponível.
  2. Garimpar sistematicamente tudo aquilo que possa ser considerado supérfluo.
  3. Saber estabelecer prioridades.
  4. Perseverar em busca de melhores oportunidades.
  5. Acreditar no próprio potencial.
  6. Procurar poupar para o futuro sem se escravizar pela poupança.

Acredite que ser pobre não é ser infeliz. Olhe ao redor e encontrará uma fartura enorme de criaturas em estado de felicidade mesmo sem todas as benesses da riqueza. Há até quem afirme que a felicidade na parte mediana da pirâmide social é mais autêntica do que no topo. Lá, muito em cima, as amizades são difíceis de ser aferidas e desvencilhadas de interesse. Aristóteles Onassis, o famoso armador grego, já dizia que nunca sabia se uma mulher ficava com ele por amor e esta era a maior fonte de sua infelicidade, apesar de ser um dos homens mais ricos e bem sucedidos de sua época.

Uma das vantagens que se tem de não estar no topo é que os caminhos que temos são, em sua maioria ascendentes. Olhamos para cima e percebemos que podemos subir, ao contrário dos que estão encastelados nos píncaros e se consomem pelo medo da queda. Viver, sim. Aproveitar-se dos benefícios oferecidos pelo dinheiro, sim mas acumular riqueza e acabar morrendo antes de usufruir dela é, no mínimo, frustrante.

O grande segredo da felicidade  é ir aproveitando cada degrau da subida e acumulando todos os pontos de felicidade que existem em cada um deles. E olha que são muitos. Como é frequente ver pessoas que vão buscar longe, algo que está ao seu alcance e não é percebido.

Dizer que dinheiro não traz felicidade é um certo exagero com grande dose de hipocrisia. Talvez a frase ficasse mais aceitável se se dissesse que ele não é a única forma de felicidade. Aí fica absurdamente claro e óbvio.

Vamos pensar positivo e andar para a frente acreditando que, a despeito dos desmandos que vemos todos os dias, podemos chegar lá, sim senhor. Não nos esqueçamos que, assim como se diz que, para morrer basta estar vivo, da mesma forma podemos adaptar o adágio e dizer que, para ficar rico precisamos estar pobres.

Nos vemos por aí a qualquer momento em algum lugar mais acima. Combinado?

Deixe uma resposta