A prova final

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Costuma-se comentar nos corredores das escolas, e entre os professores em geral, a maneira de alguns alunos conjugarem um determinado verbo. Seria, mais ou menos assim: “Viu só, professor? Eu tirei 10 na prova, ou Eu tirei 9, ou até Eu tirei 8.” A continuação desta mesma conjugação seria: “Mas professor, por que me deu zero, ou me deu um, ou me deu 2 na prova?.”

Professor nenhum dá dez ou nove a nenhum aluno, o aluno “tira” estas boas notas da mesma forma que nenhum aluno tira zero, ou um, mas o professor “lhe dá” estas notas horríveis.

Verifiquem como é freqüente este fenômeno da comunicação. Dia destes, após os exames finais na faculdade onde leciono, recebi a visita de um aluno quase que aos prantos, dizendo que havia sido infeliz no exame final e que eu o havia reprovado. Continuou dizendo que esta “minha atitude” estava fazendo com que ele perdesse uma bolsa de estudos e que, por isso me pedia que “entendesse seu drama” e lhe desse os pontos necessários e suficientes para que fosse aprovado, mantivesse a bolsa e continuássemos todos felizes.

Procurei mostrar a ele que a reprovação não havia acontecido na prova final, mas no transcorrer de todo o período letivo. Deixar todo o mérito, ou demérito, de uma aprovação para a prova final é uma maneira muito simplista e arriscada de enfocar o problema. Deixar para a última hora a solução de um problema de tal magnitude é conviver com o risco daquilo que acabou mesmo acontecendo.

Quando as notas baixas nas primeiras avaliações aconteceram, a luz de alerta deveria ter sido percebida e as providências deveriam ter começado a ser tomadas, como, aliás, muitos de seus colegas fizeram e conseguiram reverter o processo obtendo a tão desejada aprovação.

Na vida profissional não é raro se deparar com atitudes semelhantes onde providências não tomadas em tempo hábil acabam por determinar fragorosos insucessos e a culpa é sempre alocada a todos, menos ao real responsável pelo acontecido.

Não vamos deixar toda a nossa vida pendurada apenas pelo fino e tênue fio de alguma eventual prova final. Vamos tomar diariamente as providências que permitam correções de rumo e novas atitudes que evitem o fracasso e nos levem ao sucesso.

Planejamento é algo a ser praticado e não apenas colocado no papel para servir de fonte de consulta sobre o motivo do insucesso. Planejamento é algo que pode até ser alterado ao longo de qualquer trajetória, mas exige trabalho e dedicação para o seu fiel cumprimento para que se consiga obter sucesso.

Que tal viver cada dia como aquele da prova final?

Foto: Donna M. Bayliss, M.A.

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