O espírito do Natal

Mais um ano entra nos seus estertores para abrir caminho a aquele que está prestes a nascer. Começa a semana das duas maiores datas comemorativas da humanidade: Natal e Ano Novo. Encabeçando a fila vem o Natal, a data da celebração do amor, da amizade, do perdão, da paz e de todos os sentimentos ligados à origem divina da alma humana. A data da emoção, da oração, da celebração do nascimento do menino redentor, da montagem dos presépios, das árvores iluminadas e das estrelas cadentes. O excesso de emoção e de sentimentos leva, naturalmente, a maioria das pessoas a uma situação de fragilidade, o que faz do Natal o momento de aumentar  a rolagem das lágrimas de todas as naturezas. Lágrimas de alegria pelo reencontro com pessoas queridas, pela realização de algum sonho, pela abertura de algum novo caminho, pelas boas lembranças e as de tristeza por algum arrependimento, alguma perda importante, alguma escolha errada.

Por mais incrível que possa parecer, o Natal também acaba sendo uma data onde se oferece a oportunidade para o constrangimento. Isso mesmo, constrangimento.

Vamos pegar a ponta do novelo desta história, lá longe, no nascimento de Jesus, o menino pobre que veio à luz numa manjedoura e recebeu a visita de reis que o encontraram  com a ajuda de uma estrela guia. Cada um desses reis chegou com um presente ao recém-nascido. Presentes  caros e fora do alcance das posses dos pais e da família do recém nascido. Vale aqui observar que os textos sagrados não mencionam presentes trazidos pelos reis aos demais integrantes da família e nem presentes oferecidos pela família visitada aos reis visitantes.

O ambiente sagrado pela presença do Messias, filho de Deus, não tinha absolutamente nada de ostentação e era constituído pela mais pura simplicidade e naturalidade. O alimento presente seria, talvez, no máximo, pão.

O hábito consagrado de incluir na data os presentes de Natal, não foi oriundo da singeleza da origem da história. Este hábito, do ponto de vista histórico, é recente e foi concebido e incentivado pelos mercadores, vendedores de presentes e abraçado pela propaganda até se tornar a data de maior volume de faturamento de todo o ano comercial.

Este hábito destruiu o espírito natural de qualquer presente, que deveria ser algo para ser dado e recebido como registro de algo relevante entre os portadores da mão que dá e da mão que recebe.

Quando se recebe um presente de Natal não se tem condições de avaliar se foi por algum mérito pessoal ou, simplesmente, por ser o dia de dar presentes a todo mundo e é aqui, neste ponto exato que surge o constrangimento.

Por sermos humanos, somos portadores de sentidos únicos dentre todas as outras espécies, como alguns dos pecados capitais.  Se recebemos um presente de valor maior do que os que conseguimos dar, ficamos humilhados e, evidentemente constrangidos.  Se oferecemos um presente mais valioso a alguém que, sabidamente não tem condições de retribuir na mesma altura, nos colocamos numa situação de tripudiador, de ostentador, o que é o outro lado da moeda do constrangimento.

Assim, para aqueles que gostam e podem presentear, façam isso a qualquer momento,  quando se depararem com algo que sabem ser do gosto de alguém especial para você, compre e presenteie. Estará dando prova que aquela pessoa foi mesmo lembrada por você e que o presente não foi apenas fruto da data de presentear.

Vamos celebrar o Natal por tudo de bom que ele representa, sem constrangimentos desnecessários.

FELIZ NATAL !!!!!!!

Deixe uma resposta