O sonho da velha guarda

Aleluia ! Falta pouco para acabar este recorrente suplício chamado: Período eleitoral. Mais alguns dias e acabará mais um lamaçal bienal que nosso calendário nos obriga a viver. Desfile de mentirosos preguiçosos  que nos inundam os ouvidos com falsas promessas e sorrisos amarelos.  Enxurrada de caras-de-pau que investem centenas de vezes a soma de seus pretendidos salários em busca de um cargo que lhes permita obter favores capazes de inchar suas contas bancárias a níveis inimagináveis. Funesto período que, a cada 24 meses, demonstra cabalmente como somos tangidos mansamente para os currais preparados, a peso de ouro, por marqueteiros profissionais e empresas de pesquisa de araque. Incrível como nos acostumamos e aceitamos ser enganados com a mesma receita e não aprendemos a lição.

Nós, os mais antigos, vivemos  sonhando com a data da virada onde o povo sairá da inércia e usará a força de seu voto para desmontar esta máquina mortífera montada com o nosso dinheiro para trabalhar contra nossos verdadeiros interesses e direitos.  Parece inevitável que  a recuperação se faça de maneira gradual pelo  tamanho do buraco  a ser reparado.  Talvez sejam necessárias várias gerações, num processo de filtragem e purificação permanentes  e crescentes  para que nossa população possa, enfim, fazer jus à grandeza que esse país pode e tem condição de oferecer a quem  viva em seu abençoado território.

Os últimos representantes que escolhemos foram  tão desastrosos, tão gananciosos, tão desonestos, tão corruptos que nos fizeram  insensíveis a deslizes morais e éticos. Vemos os roubos, sentimos os seus reflexos nos nossos bolsos e fazemos de conta que nem percebemos. Aprendemos a conviver com toda essa negatividade e submetemos nosso caráter a essa nefasta convivência.  Formamos gerações e gerações viciadas no jeitinho brasileiro, na busca da vantagem pessoal, no uso de qualquer meio para justificar nossos fins.  Honestidade passou a ser caretice. Justiça passou a ser privilégio de quem pode mais. Passamos a ser mercadoria de baixo preço, mera massa de manobra. Passamos a treinar nossas próximas gerações com lições de sobrevivência que ignoram o valor da honra, da retidão e da decência. Iniciamos a criação de gerações de zumbis, sem vontade própria, sem autoestima, sem autoconfiança, sem  palavra, sem vergonha na cara. Contribuímos para remover a palavra amizade do dicionário. Qual deverá ser nossa penitência?

Estamos prestes a concluir mais uma eleição presidencial que começou com um número recorde de candidatos das mais diversas origens com diferentes propostas e posicionamentos publicados por todas as mídias de maneira a permitir que o povo tivesse opções de votar naquele que mais acreditava.  Imediatamente começou uma tremenda campanha claramente orquestrada mas dificilmente assimilada, mudando o cenário e enveredando por um viés insensato de, ao invés de votar em um nome, votar contra outro nome.  “ Cuidado ! Não vote no # que este voto facilitará a eleição do @.”  Com esta “verdade” repetida tanto, muitos deixaram de votar naquele que achava ser o melhor para votar em outro, com o honesto propósito de impedir o crescimento de um dos dois nomes escolhidos pela “marqueteria” mercenária.

O mais triste desta história é perceber que, a despeito de todas as denúncias de pessoas especializadas daqui e de outros cantos do mundo sobre a confiabilidade desta malfadada Urna Eletrônica e mesmo com a divulgação de flagrantes de irregularidades  por todas as regiões do país, a mesma continua soberana. Um bando de “autoridades” veio a público manifestar sua “confiança” nesta maquininha mas, TODOS da área interessada, da área política. Os verdadeiros profissionais de TI continuam unânimes em bradar a plenos pulmões sobre manipulabilidade desta excrescência tecnológica e todo o futuro de uma nação, de um povo, de uma esperança de futuro melhor fica nas mãos de algum programador obscuro e cooptado pela Grande Quadrilha.  Nossa última esperança é que, até o último segundo, este personagem vilão tenha alguma iluminação divina, algum flash de consciência, algum vislumbre milagroso e, num ato de heroísmo e rebeldia, permita que a verdade seja, enfim, representada em toda a sua grandeza e que o candidato da maioria seja contemplado com a quantidade de votos que lhe garanta a vitória.

Precisamos acreditar neste milagre ou, como sói acontecer, continuamos a esperar o milagre pelos próximos biênios de anos pares até que alguma outra geração seja mais competente, mais corajosa ou mais sortuda para romper esta corrente do mal.

Ahhh!!! Bem que podia ser agora, hein?

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